sexta-feira, 6 de março de 2009

One day, robots will cry.



Eu estava planejando este post há alguns dias, eu não iria postá-lo hoje. Mais eu achei necessário. Não preciso se vocês leiam ele todo, embora eu ache que ele não vá ficar grande, porem é só uma forma de desabafar e a escrita é uma forma nobre. Porém o que eu estou sentindo não se explica com palavras.

Vamos começar. Na minha cidade, itens para ser considerado “top”:
(Devo ressaltar que não escrevi de forma alguma isso com humor.)

1º Você tem que ter todos os cds das paradas Sertanejas, foda-se os nomes, são todos iguais. Falando das mesmas coisas, uma coisa monótona cuja paciência eu não tenho para escutar. Resumindo uma destruição de tímpanos e falta de cultura musical. Não ligo se você escuta sertanejo, eu não gosto.

2º Ir sexta-feira ao Bar do Renato ( pelo menos um nome mais criativo para um bar poderia ser válido, mais as pessoas dessa cidade não tem essa capacidade, é claro que eu não estou generalizando, e sim eu estou me achando melhor do que muitas pessoas aqui ) fingir tomar cerveja, porque pessoas com treze anos de idade compram uma latinha, abrem ela, e ficam zanzando por ai mal tocando elas nos lábios. Depois de quente eles “Nossa, a cerveja ‘tá quente!” Jogam na sarjeta. Além gastar o dinheiro que a mão tira do cu para que eles comprem alguma coisa, desperdiçam e ainda poluem a cidade.

3º Conseguir brigas, para que todos vejam como você é um perfeito idiota que nem sabe dar socos direito, e ainda tem coragem de dizer “Mandou bem!” Bem, bem mal. Acho que se necessita de uma academia de boxe aqui. Não, aqui não tem academia de Boxe.

4º Desrespeito. Claro se você se sentar no fundo, conversar a aula inteira, xingar os professores e enfrentá-los. Você tem o dom, o dom de ser um perfeito idiota e sem ética. Sem contar a falta de maturidade que é repugnante.

5º Beijar a cidade inteira e falar coisas maliciosas. Que na minha opinião são chatas e imaturas. Mostra-se um lápis para a Santa Ignorância “ HÁ HÁ HÁ HÁ HÁ!” Agora se pergunta qual é a graça.

São uns dos poucos itens que eu não concordo, porque isso não é um bando de adolescentes, e sim um bando de fúteis e supérfluos que não dão valor nem no próprio traseiro. Vivem reclamando dos peitos pequenos, da pouca maquilagem. E ainda por cima reparam em tudo que esteja fora dos padrões deles.

Eu estou fora desse padrão, eu não vou sexta-feira no bar, isso é uma prova porque eu estou aqui, defronte a um computador, ouvindo Amolst Lover do A fine frenzy... completamente vazia. Eu fujo dos padrões sociais. Eu nunca beijei nenhum garoto, e sinto muito orgulho disso.
Não falo de homens e não quero falar, converso sobre livros, séries, Internet, blogs, jogos. Eu não gosto de conversar com meninas eu não sei falar sobre maquilagem eu convivo mais com garotos. Embora eles sejam extremamente crianças.
Eu falo palavrão – não o tempo todo, só quando acho necessário – não sou irônica, e nem falsa.
Embora um colega meu, amigo de mais de dez anos. Virou para o seu melhor amigo e disse as seguintes palavras: “A Letícia e falsa, e eu não confio nela!” Quem diria, grande Gustavo, no dia seguinte eu conversava comigo no carnaval, pedia-me conselhos.

Talvez eu seja uma vadia louca. Não digo vadia do sentido de prostituta, ou qualquer coisa desse sentido. Digo pela minha extrema sinceridade e a minha habilidade de dizer as coisas na cara das pessoas. Eu não estou fazendo este post pelas palavras ditas pelo Gustavo. Eu simplesmente cansei de viver aqui. Nesta cidade.

Quando viajo eu não sinto falta de meus pais, eu não sinto falta daqui. Talvez eu seja uma ingrata, uma louca, uma vadia, um robô.

Eu estive pensando, talvez – como diz o meu perfil do orkut – eu seja mesmo um robô. Não me defino como um zumbi, porque eu não me baseio em livros de literatura popular e eu não me compararia, nunca com Isabella Swan. Porque eu não estou sofrendo. Eu só estou descobrindo o que sempre fui. Uma farsa. Um vazio, alguém que não tem sentimentos. Que ri por educação. E que diz coisas engraçadas sem saber.

Talvez esse meu humor – negro – seja uma mascara, talvez eu nunca tenha sido tão extrovertida assim. Apenas uma palhaça. É, uma palhaça que esteve anos e anos trabalhando em um grande e enorme circo. Ou melhor, eu seja uma palhaça–bomba. Como uma bomba relógio o tempo indeterminado para explodir. Conforme o meu humor esse tempo vai aumentando e diminuindo. Até chegar o momento da explosão, minha e do circo. E de todos que riram vão escutar a explosão e morrer junto com ela. Uma grande metáfora.

Eu não sei porque eu escrevi tudo isso, porque eu disse tudo isso. Procura de conforto? Ou talvez alguém que possa amar, realmente, um robô.

Como diz-se o nome da música da banda Cobra Starship: Um dia robôs iram chorar. Espero fervorosamente que este dia não chegue.

Robôs não foram feitos para xingar, ser irônicos, sarcásticos. Talvez eles pareçam por não terem sentimentos, por não ter a quem amar. Não, robôs não sofrem, robôs não tem motivos para expressarem as suas idéias do nada. Por isso, eu sou um robô muito egoísta e não me preocupo nenhum pouco em ferir o sentimentos dos outros, talvez porque eu não os tenha. E ao mesmo tempo sou um palhaço-bomba. A alguns instantes de explodir.

Queria agradecer ao Via Funchal, por vender os ingressos extremamente cedo, e agradecer as posers por comprá-los desesperadamente. E ressaltar que este post não tem nada haver com a raiva que sinto por não ir ao show do McFLY. Eu não sinto raiva, eu simplesmente não sinto nada.

Obrigada por compreenderem. Não sei se postarei mais aqui – apenas não sei – ainda estou analisando as circunstancias. Obrigada mais uma vez meus leitores. E finalizo este post derramando lágrimas no teclado. Acho que o dia dos robôs chorarem chegou.

Letíca Macedo Medeiros, a vadia louca, o robô.

15 freckledmaníacos.:

Anônimo disse...

Venha para lençóis paulista

Gabriela Neves disse...

NOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOSSA PAGUEI MUITO PAAAAU PRO TEXTO.Ok, agora o comentário.

Ai lovesita, não fica assim não, por favor. Eu sei, você nem me conhece, eu sei, eu sei. Eu sei, eu não devia estar aqui comentado, afinal, alou, quem sou eu?
Mas eu me identifiquei MUITO com o seu texto, e cá estou eu.

TODO mundo já teve uma fase ruim. TODO MUNDO. Cara, desde o ano passado eu andava MUITO MAL, MUITO MAL MESMO! Eu tratava todo mundo mal, xingava quem aparecesse na minha frente, ficava o dia todo no computador. Até que um belo dia, meus 'amigos' me esqueceram no ponto de onibus, e foi a gota d'agua. Eu chorei muito, gritei muito, disse que ninguém me amava, ninguém se importava comigo (mams sou emo !!11! -n).
Minha mãe falou que ela se importava. Eu ri na cara dela e disse que uma vez ela tinha gritado pra todo mundo ouvir que me odiava e que tinha vontade de me matar. Ela, lógico não lembrava do fato, e me acusou de mentir. Mas oi, pra quê eu ia inventar isso mesmo? Sabe, esse dia foi muito foda. Minha mãe pediu perdão, disse que se ela tinha dito, foi da boca pra fora. Que ela tenta se aproximar, mas eu só a evitava, dava patadas. Mas esse era meu jeito de me proteger, sabe? :T
Eu percebi que eu só precisava colocar tudo pra fora. Só precisava ouvir que ela me ama, porque hoje tá tudo bem.
Sabe, sei lá porque eu tô escrevendo isso aqui, mas eu sinto muito por tudo que você tá vivendo. E eu sei que é clichê, mas acredita em mim? Vai passar. É só uma fase, eu acho.
E o fato de você odiar a sua cidade, tudo bem Eu odeio a minha também. Sinto como se eu não fizesse parte daqui, entende?

Enfim, desculpa qualquer coisa. Desculpa o desabafo. Desculpa a tentativa de conselho. E boa sorte.

Anônimo disse...

nossa, que texto cara :O
tia lola, fica. te peço como leitora, amiga, qualquer coisa ._.

Anônimo disse...

Uau,eu gostei muito do seu texto,você conseguiu exprimir tudo o que eu penso mas não sei como escrever.Eu me sinto exatamente como você,isso é estranho,eu achei que era a única assim.Enfim,boa sorte,eu acho,hm.

Anônimo disse...

lolasita do meu coraçao, juro que esse post me lembrou de um tal blog... mas se longe, foi O MELHOR post que tu já fez até agora, o mais sincero e mais realista. por incrível que pareça, eu senti como se fosse eu falando tudo aquilo, aqui, da minha cidade fétida de 28.000 habitantes. te imploro, te suplico, nao pare de escrever agora, por favor, nao agora.

Mandi disse...

As pessoas das latinhas na sarjeta vão te pedir esmola algum dia.
Ou ter uma vida pútrida e sem frutos, inexplorados de capacidade e fazios de pensamentos. Algum dia, eles estarão no seu vazio, mas você vai sair dele. Pra você é apenas uma fase... Pra eles, é uma sentença.
Essa é a síntese da verdade :D
Você não tem que perder seu tempo com gente sem futuro.

Izadora Pimenta disse...

Ah, não, Lola, pode parar com isso!
Sabe, é legal ser uma pessoa diferente. Um robô. Você tem que se auto-afirmar.
Eu falo por mim mesma. Sabe, estou pouco me lixando para o que TODO MUNDO faz. Eu estou na classe intelectualizada e eles não, e isso vai pesar no futuro. Com toda a certeza.
Sabe, quando você se auto-afirma, você começa a descobrir que robôs também têm vida social, também se divertem, saem, namoram... É uma questão de tempo.
Falta muito pra eu chegar lá, na auto-afirmação. Mas eu tento. E eu sei que eu vou conseguir. Estabeleço metas, objetivos. Não se sinta inferiorizada porque você não é como as pessoas à sua volta e nem pare de escrever. Alguns nasceram para se dar mal na vida. Os outros, para se sobressair.
E se eu te escolhi pra postar aqui, foi porque eu sabia que você poderia se sobressair.
Beijos. Qualquer coisa é só chamar.

Anônimo disse...

porque é como dizem, os melhores trabalhos de uma escritora saem de uma terrível TPM. nao que isso seja TPM, eu sei que nao porque eu vivo isso desde o reveillon de 2007 para 2008. e pouco antes do fim do ano me veio a pior verdade possivel. meu reveillon foi triste, e piorou quando eu vi que o de todos foi maravilhoso. pra piorar eu entei em um colegio, em outra cidade, onde todos os garotos só querem saber de pegar a mais gostosas, e as garotas só querem saber de suas bolsas Gucci. nao conheço ninguém, e em duas semanas de aula continuo nao falando. ok, to sendo melodramática, mas é realmente minha realidade agora.

Mari disse...

já comentei sobre isso...
mas vale ressaltar: ser diferente não é ruim, principalmente quando o lugar comum não é tão bom assim...
e foi um dos melhores textos que eu já li em blogs....
tia Lola arrasa!!!!
e nem pense em parar ouviu?!?!

Anônimo disse...

Me senti no texto, senti que era eu que escrevi o texto (em grandes partes pelo -)

só que com um detalhe, eu não tenho com quem desabafar, estou carente de amigos, em 3 semanas de aula no colégio novo não fiz nenhuma amizade, a minha sala é unidade todo mundo feliz, mas é uma felicidade grande demais, efusiva demais, falsa demais

nem culpo eles, talvez eu seja muito timida mesmo, ou sem papo, ou chata, ou sem graça, mas uma coisa eu sei, as pessoas não tem mais vontade de descobrir e entender as pessoas, principalmente as timidas (tipo eu /oi), é tudo festa, risinhos, status

e não pare de escrever tia lola
não vou falar pra vc que um dia vai passar, porque eu tbm não sei...me sinto horrivel, mas tenho a esperança de que um dia tudo mude, ou eu aprenda a viver 'sozinha'

Anônimo disse...

puts, nao para de postar, sério

Marília Rocha disse...

Lola, não fica assim, dude! Eu também nunca beijei ninguém, odeio festas, sertanejo, axé, pagode e tudo o que todo mundo da minha cidade gosta. Todo mundo me rotula de nerd, cdf, estranha, fechada, e até de lésbica já me chamaram porque eu nunca fiquei perseguindo os meninos. Agora, veja bem. Eu já tive uma fase dessas, que ninguém me merecia, que eu era melhor que todo mundo e que eu estava no lugar errado, mas, sabe, com o tempo a gente vai se acostumando com isso, e as pessoas um dia vão te elogiar por ser assim. Eu gosto de cultura e ninguém vai conseguir me mudar. Desde pequena eu sou assim e sabe, eu até já quis mudar, mas vai contra minha natureza. Ser diferente dos outros me faz sentir melhor. Porque são esses tipos de pessoas que vão lavar o chão em que eu piso um dia. E é como a Dóri disse. Se você realmente é um robô, você com certeza não é a única. Um dia você conhecerá pessoas parecidas com você, e verá que dá pra se divertir, trocar idéias, dançar, namorar com outros robôs. Bem, eu mudei de colégio e eu acho que agora estou num lugar que mereço. Quem sabe você não dá essa sorte? Não desista Lola, porque eu não quero que você seja como uma ex-amiga minha. Ela achou que ninguém merecia a companhia dela, e agora está sozinha e sem ninguém. Passa o dia jogando RPG no video game. E, apesar da gente se conhecer pouco, eu gosto muito de você para deixar que se transforme nisso. Não um robô, mas um bonequinho sem movimento.

·caMM's disse...

olha só, eu queria dizer mil coisas, mas eu realmente não acho que vá adiantar muito. sendo realista: quando você se encontra em tal estado, você simplesmente não se sente bem com nenhuma palavra - principalmente vinda de uma estranha, como sou -, e tampouco conselhos: esse momento é seu, uma busca pelo seu verdadeiro eu e a melhor coisa a fazer é respeitar o tempo.
como a dóri já disse - e tomo a liberdade de reafirmá-la, pelos nossos quase 10 anos de amizade -, mais pra frente você atinge sua própria auto-afirmação. eu já tive vários momentos em que eu pensava ser uma aberração por ser tão diferente do resto: hoje, eu rio. deles. por serem idiotas. e a pior parte é quando as pessoas que você ama, seus amigos, se parecem com eles.
eu acho que posso dizer que atingi a minha própria auto-afirmação: nunca beijei um garoto, já me apaixonei e já me declarei. não fui correspondida, cheguei a sofrer... mas quer saber? um dia, vai ter quem me ame. e tem quem me ame - mas no momento se encontra do outro lado do país [/abafa].
é isso. sei que não somos amigas e que não passo de uma babaca fingindo entender sua mente robótica, mas se precisar de alguma coisa, sinta-se completamente à vontade para pedi-la - ou, nem que seja, apenas conversar.

beijos, cams.

ps: acho que você percebeu quantas pessoas se importam contigo, mesmo que meio de longe ou que não conhecem muito além dos seus textos.

Unknown disse...

Bom Lola, nós somos colegas de blog, nem nos conhecemos de verdade. Mas eu sei como se sente e eu posso dizer que todo mundo tem essa fase. Ou melhor, todo mundo tem algo que o deixe para baixo. O meu conselho é : Tente ver sempre o lado positivo das coisas. Tá, você odeia a cidade em que mora, e não vai morar ai para sempre. Tente ver o lado positivo SEMPRE, por mais que seja a coisa mais invisível. Os seus amigos garotos, a forma como você É diferente das outras garotas do teu colégio...e muitas outras coisas. Esse é o meu conselho, e eu espero que isso te ajude. E você pode contar comigo lola, é sério. A gente não se conhece, mas eu não gosto de ver as pessoas assim. Por isso, qualquer coisa que você precisar, pode falar comigo numa boa que eu estarei aqui :) Boa sorte e seja forte HAHAHHAH ADORO RIMAS.

Unknown disse...

Eu sempre fui exatamente igual a você. E não consigo deixar de me importar com eles.

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