terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Passado.Busca.Futuro.


Me encontro perdida em um caminho novo para mim. Procuro placas de informação, pessoas, mas tudo ao meu redor é escuro, cinzento. A minha frente, uma grande floresta negra, barulhos ezitantes podem ser ouvidos, alguns ruins me fazem ter medo de prosseguir, já outros, me levam à recordações que me dão vontade de parar, olhar para trás e seguir, pelo caminho errado, o caminho já andado. Procuro novamente por direções e peco a olhar para trás. Meu passado. Vejo cores, tanto alegres, quanto escuras Pessoas conhecidas passam andando rapidamente, as mais marcantes, importantes ou não, acenam. Algumas dizem um 'olá' vago, outras apenas agitam as mãos - dizendo algo que eu não reconheço como 'oi' e sim como 'tchau' -, outras apenas fingem que não me conhecem, envergonhadas, mas eu as conheço, muito bem para sentir vontade de cumprimentá-las. Vejo passar, calmamente, pessoas idolatradas por mim, das quais sinto imensa falta, mas ao tentar correr para abraçá-las, meu corpo atinge uma imensa parede transparente, dividindo meu passado de mim.
Tentando procurar alguma saída, por menor que seja, naquela imensa divisão, uma grande onda de gritos simbolizando discussões atinge meus ouvidos, com um reflexo, me agacho, tampando as orelhas, mas não adianta, os barulhos aumentam e eu percebo que tudo não está no outro lado da divisão e sim na minha memória. O que marca, nós não esquecemos.
Como mágica, os barulhos diminuem, mas não somem, são substituídos por sons calmos, gargalhadas, canções, já não sinto mais dor, e quando percebo, já estou de pé, e a floresta escura parece estar mais perto do que antes, olhando para trás, nem tudo é tão marcante assim. Meu peito dói ao ver pessoas das quais nunca mais vi. Saudade, a prova de que tudo valeu a pena.
Tentando poupar-me de tanta dor, olho novamente para o desconhecido e rostos novos chegam a mim, alguns conhecidos, vejo minha mãe, meu pai continua o mesmo - tirando os milhares fios de cabelos brancos novos - e um garoto, bonito, alto. Quem será? Ao chegar mais perto, bato a cabeça em uma nova divisão transparente, mas ainda assim, consigo indentificá-lo, meu irmão, grande, irreconhecível. Os três estão parados ao lado de uma garota da qual não conheço, todos sorriem para mim. Olhando para cima, vejo lugares dos quais nunca conheci, alguns já visito, outros somente passei rapidamente.
A floresta já não é mais densa como antes, restam poucas árvores, porém grossas, impossibilitando-me de ver um pouco mais.
Curiosidade invade o meu ser, corroendo-me, quero entrar, quero estar do outro lado ou apenas voltar para o conhecido, qualquer coisa que me deixe fora da indecisão, do meio. Onde me encontro agora.
Me sento e espero. Tudo parece tão devagar. Vejo as coisas dentro da floresta mudando, as vezes mais claras, as vezes mais difíceis de decifrar. Atrás, tudo já não é mais tão colorido, os sons já não são tão fortes, as pessoas já não são mais tão marcantes.
Já cansada de esperar, vejo uma porta, também transparente, surgir na imensa divisão da floresta, vou correndo alcançá-la. É tão longe, tão cansativo. Com as mãos nos joelhos, paro, arfando, olho para frente, ela ainda está lá, mas continua distante. Penso em desistir e ela quase some, ficando mais longe de mim. Ainda curiosa, volto a correr. Corro por horas, dias, anos, perco a conta.
Chego. Agora perto, consigo ver uma mensagem escrita na porta:

Olá navegante,
vejo que está cansado.
Não desista! Está perto, tudo depende de você.
O quanto mais querer, mais terá.
Para conseguir a próxima porta, leia, pesquise, estimule sua inteligência.
Abraços,
Tempo.

E, ao abrir a porta, ainda intrigada, entro em um corredor, e a floresta diminui mais um pouco, consigo ver mais coisas, e ao começar a fazer o que fora pedido na carta, já enxergo uma nova porta. Assim, outra busca começa e percebo que passa mais rápido que a inicial, quando chego fácilmente a outra porta.
Com mais uma mensagem, outra busca se inicia, e depois outra, logo após uma nova e assim continua. Um ciclo.
O final? Ainda não enxergo, as poucas árvores que sobraram na minha floresta possuem copas grandes e altas, que me impossibilitam de enxergar muito.
Minha curiosidade? Cresce e diminui aos mesmo tempo. Quero saber mais, mas já sei bastante.
Atrás? Ainda é lindo, colorido. Nem tanto quanto antes, mas meu nome está gravado em uma parte da divisão, que já não se parece mais com uma parede. Agora é uma caixa. Minha caixa de recordações, onde eu já não caibo mais.
Agora, deixe-me ir, tenho mais portas para abrir, mais pessoas para conhecer, mais coisas para aprender e não posso me abalar-me com coisas pequenas, pois elas não me levam a lugar nenhum, elas me afastam cada vez mais da minha linda floresta, que fica mais bonita a cada segundo.
O melhor? Isso tudo depende somente de mim, não é sempre bom tomar conta de tudo sozinho? Tudo agora é do meu jeito.

Deseje-me sorte, e saiba que essa sorte é recíproca, pois sei que todos aqui também precisarão.



Faz tempo que não posto aqui,
mas eu amo poder desabafar aqui e, bom, espero que gostem!
Beijos, Jubs.

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