sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Princesa





Todos os dias. Correr para pegar o ônibus.

Existem motoristas chatos, que nunca param fora do ponto. Os mais camaradas percebem que o sinaleiro te atrapalhou a chegar no ponto na hora certa e abrem a porta pra você com um sorriso, mesmo se você estiver no meio da rua.

Você tem que aturar um psytrance vindo de um auto-falante de um celular que dividido em 10 prestações de 19,90 nas Casas Bahia. E você pensa no almoço gostoso que você mesma terá de fazer.

E alguém sempre vai se oferecer para segurar os seus cadernos. Muitas vezes você não aceita. Agora, você não aceita. E senta. E todas as pessoas são uma mistura de sabonete Phebo com cecê. Mesmo que você, ou ela logo ali perto, usem qualquer perfume caro da L'acqua di Fiori.

E chegar em casa será tão divino. Você vai brincar de Princesa. Mas não a parte da realeza, não: Você se deitará e esquecerá de tudo, embalada por uma música aconchegante qualquer. Assistirá qualquer filme na Sessão da Tarde e não se preocupará com o vestibular, porque já estão te preocupando demais. É o momento no qual só existirá você e mais nada.

E você delira tanto que pensa que o cara que está sentado ao seu lado é Gael García Bernal. Observa as roupas, a aparência, e passa a encará-lo de modo tão especial que a lei da atração faz com que ele derrube seus cadernos e você veja o flyer que você ganhou sobre qualquer balada que eles consideram incrível perdido no chão do ônibus. Esperando para ser pisoteado por qualquer cidadão.

E quando ele pega os seus cadernos e diz: "Desculpa", você pensa ouvir um sotaque engraçado. E você pensa nele até chegar no seu ponto, que é quando você cai na real de que nunca mais irá vê-lo, pois existem mais de 1 milhão de habitantes na sua cidade, e ele pode não ser daqui, ou, ainda, ele realmente pode ser Gael García Bernal.

E o que te acompanhará no ócio? Sorvete ou Coca-Cola?

E você tem que dividir com todos o fato de ter visto (ou não) Gael García Bernal. Pra isso, você abre o Twitter. Há tempos atrás, você correria para postar no Fotolog, com uma foto do tal ator.

Você ainda tem que fazer as unhas. E, como sempre, nunca sabe que cor usará, só sabe que arrematará com um esmalte glitter.

Ainda tem que dar uma consideração para a sua coelha. Um pedaço de pão, ou uma batata-frita vinda da sua comida. E sempre vai pensar que é estranho ela estar viva há 7 anos com essa alimentação maluca, enquanto todos os outros coelhos que conheceu viveram bem pouco.

Talvez seja porque você a faz muito feliz, mesmo sem saber o porquê. E é bom ver que alguém fica feliz com a nossa presença. Mesmo que seja uma coelhinha gorda.

Depois de tudo, você vai brincar de Princesa.

E o mundo vai parar de girar por um instante.


É parcialmente baseado em fatos reais, tirando a parte de sentar no ônibus. Quem pega todos os dias sabe que isso é um tanto raro.

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