sábado, 30 de outubro de 2010

O 'era uma vez' da Democracia

Era uma vez uma cidade linda e encantada, chamada Colônia. Quem governava essa cidade era um nobre Príncipe, que havia vindo de terras longínquas apenas para morar com os seres encantados daquela terra mágica (ou para fugir de outro homem, chamado Napoleão, mas isso não vem ao caso).
As criaturas mágicas se sentiram muito lisonjeadas por finalmente terem seu soberano em suas terras, e a ele prestaram suas condolências e sua imediata obediência.
Com o tempo, alguns problemas foram surgindo para abalar a paz na bela e pacata Colônia. Os unicórnios, seres fantásticos com um chifre de ouro cravado no meio da testa, começaram a se achar mais importantes do que as demais criaturas, justamente por causa dos seus chifres.
"Nós somos especiais", um deles disse. "O Príncipe e sua família nos usam como montaria, o que nos torna importantes. Temos um chifre brilhante que nenhuma outra espécie tem. Queremos que nosso amado governante nos reconheça!"
O Príncipe, que não podia abrir mão do apoio dos unicórnios, declarou que eles eram mais importantes do que as outras criaturas de Colônia, apenas para que pudesse continuar montando neles e os usando como bem entendesse.
E foi assim que surgiu a Nobreza, classe dos unicórnios.
As fadas, que estavam começando a prosperar em seus negócios e aprendendo a usar o dinheiro (a moeda estava na moda naquele momento, já que o Príncipe havia criado o "Banco da Colônia"), sentiram-se extremamente prejudicadas. Não era justo que os chifres de ouro dos unicórnios fossem polidos todos os dias com as flanelas que só eram compradas por causa do dinheiro delas.
Aos poucos, as fadas perceberam que elas eram as mais importantes da cidade. Então, sabiamente, o Príncipe decidiu começar a transformar algumas fadas em unicórnios também. Para engrandecer o ego dos seus súditos, ele mudou o nome 'Colônia' para 'Reino Unido à Metrópole'.
"Assim fica tudo resolvido", ele pensou.
Errado: o problema era que a cidade tinha outros habitantes além de unicórnios e fadas. Haviam os duendes, que vieram de muito longe e eram usados como escravos pelos outros, e também os sátiros, que viviam ali muito antes de tudo aquilo.
Os sátiros eram os verdadeiros donos de Reino Unido à Metrópole. Mas quem os daria ouvidos? Eram apenas sátiros, afinal.
As tensões foram aumentando e os conflitos foram começando a acontecer. Foi mais ou menos nessa época que nasceu uma poderosa feiticeira, que dominaria a cidade encantada para sempre: a Imprensa.
Imprensa tinha poderes extraordinários: ela era capaz de revirar a mente das criaturas e fazê-las acreditarem no que ela bem quisesse que acreditassem.
Era o que faltava (somado a outras coisas, é claro) para que os seres mágicos se rebelassem. Veio o filho do Príncipe, que governou por mais tempo e declarou que Reino Unido à Metrópole mudaria de nome outra vez, passando a chamar-se 'Imperial'.
Imperial prosperou muito (ou assim seus habitantes pensavam). O filho do primeiro Príncipe teve outro filho, que também ficou lá governando.
Infelizmente, criaturas de outras cidades surgiram, também interessadas em Imperial. Além disso, a menina Imprensa ia crescendo e se tornando uma mulher bonita e perigosa.
Não demorou muito e o Terceiro Príncipe foi expulso da cidade. Nesse meio tempo, vale a pena lembrar, sua filha assinou uma lei que libertava todos os duendes da escravidão.
Só que a liberdade não resolvia, porque ser escravo era a única coisa que eles conheciam.
Aos antigos duendes, novos se juntaram ao longo do tempo, como os imigrantes e outros excluídos. Eles ficaram à margem desse "conto de fadas", esperando uma oportunidade para se tornarem personagens de verdade da história.
Um dos unicórnios subiu ao poder e disse que, daquele momento em diante, Imperial estaria livre da Metrópole para sempre.
E o nome foi mudado outra vez, é claro. Dessa vez, Imperial foi chamada de 'República' .
Infelizmente, mudar um nome não muda os problemas. Mas sabem como são os unicórnios, não é? Só conseguem olhar para o seu próprio chifre de ouro.
Já não se sabia mais quem era unicórnio e quem era fada (ou havia sido, de qualquer forma).
O tempo foi passando e muitas outras coisas aconteceram, boas e ruins. Não vou ficar aqui contando toda a história de República, ou jamais sairemos disso. Basta que vocês saibam que lá naquela terra, aconteceu de tudo um pouco! Até mesmo outra mudança temporária de nome: 'República' virou 'Ditadura', e por duas vezes. Um dos ditadores era bem parecido com um duende. Ou com um sátiro, talvez... não sei dizer. A eles, era bastante favorável.
Os outros ditadores eram os elfos, responsáveis pela segurança das outras criaturas. Não demorou muito e eles ficaram loucos, lançando Ditadura em uma banheira de sangue.
A Imprensa já era a verdadeira soberana: enganava a todos direitinho! Conseguiu tirar Joãozinho do poder, um dos governantes da cidade, apenas por ter assustado a classe média.
Na época em que a cidade se chamava Ditadura, a Imprensa mentia para todos os habitantes. Ela gostava dos elfos, queria que eles continuassem no poder. Diziam as más línguas que a feiticeira era apaixonada por um deles, mas jamais saberemos ao certo!
Os elfos não duraram muito, e logo a velha 'República' estava de volta. Aliás, velha não... queriam chamá-la de 'nova'.
República ganhou um apelido também: 'Democracia'.
Agora chegamos onde eu queria!
Democracia não muda de nome há bastante tempo. Ainda assim, ela é muito jovem, e algumas pessoas não conseguem compreender isso. Dêem tempo à Democracia, ela precisa amadurecer ainda!
Muitos governantes subiram ao poder nesses últimos anos. Alguns venderam as riquezas de Democracia a preço de banana, mas outros se esforçaram para tirá-la do buraco.
No momento, a Democracia está quase fora desse imenso buraco onde foi enfiada. Ela estava tão no fundo, mas tão no fundo, que não conseguia nem ver a borda! Agora já pode enxergar a luz, e está bem perto de subir para a superfície.
Uma disputa acirrada está acontecendo em Democracia-República. Um dos unicórnios/fadas, chamado Arres, está concorrendo com uma duende, Amlid. O governante anterior, Alul, está apoiando a candidata Amlid. Os dois são da mesma panelinha.
Democracia-República é assim agora: uma competição entre panelinhas!
O problema é que nenhum deles é soberano de verdade. A Imprensa continua mandando em todos e revirando a cabeça de todos também.
"Eles pensam que são independentes... um bando de idiotas", ela ri diabolicamente, todos os dias.
Não cabe aqui dizer se eu sou a favor do Arres ou da Amlid. Digo apenas que acho o Arres muito inteligente e muito perigoso, e a Amlid é integrante de uma ótima panelinha, mas tem um passado misterioso. As criaturas estão indecisas.
Ou será que eu também estou sendo enganada pela Imprensa? E se ela estiver só brincando, assustando a classe média de novo?
Sabem, eu conheço a Imprensa. Apareci em seus olhos sombrios algumas vezes, tive sua atenção por um ou dois segundos. Fiquei estampada em sua cara, e depois ela seguiu adiante.
A Imprensa é que me aguarde: da próxima vez, eu não estarei apenas em seus olhos. Vou atacar direto o seu coração.
Serei Jornalista, uma das servas da Imprensa! E tomo aqui uma decisão: farei de tudo para mudá-la, de pouquinho em pouquinho.
Quem sabe assim República-Democracia (ou sei lá como a chamam agora) não se levante finalmente? A Imprensa não é a razão de todos os problemas, obviamente, mas cria muitos deles. Ela mente, engana e desfigura a verdade. E o pior: nesse período de eleições, não faz isso apenas com um dos candidatos.
Vamos vencê-la algum dia, eu espero.
À ela e à sua irmã mais velha, a Injustiça. Imprensa e Injustiça se dão muito bem!
Atenção à elas.

Fim.


OBS: Amanhã, votem com consciência. Não se iludam pelos truques da Imprensa.

1 freckledmaníacos.:

PINHEIRO, Henrique (PH) disse...

Muito fera seu texto!!

Boa historia, conseguiu colocar td em um conto de fadas...

^~

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